COMIDA A PREÇO DE OURO!
Agronegócio tem faturamento recorde
Com o custo de vida cada vez mais alto no Brasil, um dos maiores desafios dos brasileiros tem sido garantir a comida no prato, até mesmo o básico. Enquanto isso, o agronegócio comemora recordes de faturamento e a expectativa de continuar com os bons resultados nos próximos anos.
A boa perspectiva do setor vai na contramão da desesperança fortalecida pela alta nos alimentos, principalmente para a população mais vulnerável. “A gente não coloca mais nem mais o arroz com feijão no prato. O óleo está muito caro, carne virou luxo. A gente se vira com fubá e angu. Mandei minha filha para a casa da minha mãe, não estou conseguindo dar nem o alimento a ela”, lamenta um trabalhador. A simples cesta básica é um dos exemplos dessa situação: subiu 15,93% em 12 meses. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas (Ipead/UFMG), a alta dos custos com alimentação foi puxada, principalmente, por óleo de soja (80,96%), arroz (63,05%) e açúcar cristal (33,33%). O arroz com feijão aumentou 61,7% na comparação com março do ano passado. De acordo com a FGV/Ibre, a alta no prato feito bateu dez vezes a inflação nos últimos 12 meses (6,1%). Enquanto o arroz subiu 60,8%, o feijão encareceu 69,1% no último mês.
AGRONEGÓCIO FATURA ALTÍSSIMO!!!
Já o cenário para o agronegócio brasileiro, porém, é outro. Só no último mês, as exportações do setor alcançaram US$ 11,57 bilhões. A cifra é a maior para o mês de março em toda a série histórica desde 1997. “O câmbio aumentou muito durante a pandemia, e isso incentivou a exportação, é muito mais vantajoso para o produtor. Mas, quanto mais você exporta, desabastece o mercado interno. Com oferta menor, os preços tendem a subir”, explica o economista da Fundação Getúlio Vargas/FGV Matheus Peçanha.
“Com o dólar depreciado, comprar nosso produto ficou mais barato. Além disso, vários países não estão produzindo em virtude das políticas de isolamento. O mercado compra de quem tem disponível, como é o caso do Brasil”, ressalta o professor do Ibmec Felipe Leroy.
Segundo Peçanha, até o auxílio emergencial influenciou a alta dos preços. “O dinheiro do auxílio vai para o alimento, aumentando a demanda, pressionando o preço do prato feito”, diz.