A PRIMEIRA FESTA NA CIDADE ACONTECEU NO MEIO DA FLORESTA!

Analisando as raras fotografias da grande festa comemorando a fundação de Umuarama que colecionei e preservei durante setenta longos anos, vale observar que naquela confraternização de junho de 1955 não havia diferenças sociais, todos sentiam-se fraternos irmãos vivendo um momento único de uma heroica aventura. E, atenção: essa foi a primeira grande festa realizada na Capital da Amizade! Além de uma divertida comilança reunindo os amigos fundadores, foi o primeiro acontecimento social que merece registro histórico!
Desde os altos executivos da colonizadora até os mais humildes operários braçais, estavam ali reunidos no mesmo nível de status. Nos detalhes dos retratos, percebe-se que todos se esmeraram para mostrar elegância no guarda-roupa, usando trajes típicos de citadinos de grandes centros brasileiros conforme a moda da época: os inseparáveis chapéus, peça emblemática de rigor social masculino de antigamente; paletós ou até ternos completos, enfim, todos compareceram a essa festa no meio da mata como se estivessem reunidos num clube ou numa sofisticada recepção de casamento.
Deram exemplo de que quem tem classe, mostra garbo até mesmo num lugar onde seria inimaginável a presença de humanos vestindo o “figurino de uma missa domingo”.
Depois do delicioso almoço, uma churrascada, os executivos da diretoria da Cia. Melhoramentos regressaram para São Paulo no meio da tarde daquele memorável domingo a bordo de barulhentos “teco-tecos” (aviões de pequeno porte).
Já os funcionários mais graduados da colonizadora recolheram-se um pouco depois ao seu acampamento, erguido ao lado da serraria da Colônia Mineira. Os últimos a deixar o lugar foram os boêmios e os músicos, alojados na pensão que existia ali na Colônia Mineira, que pertencia ao casal Nair e Durval Seifert (anos depois ele seria prefeito).
Depois de festar por horas seguida, quando todos caíram em sono profundo, voltou a reinar o silêncio na imensidão da floresta, que só era interrompido pelo rugir de alguma onça ao longe e do zumbido de mosquitos...
No outro dia, uma segunda-feira brava e da mais amarga ressaca, os moradores do lugarejo acordaram mais tarde, em meio a um espesso nevoeiro típico das manhãs dos invernos do passado, seguido de um sol abrasador.
E todo mundo voltou ao trabalho pesado, derrubando árvores, serrando madeiras, abrindo a terra, construindo casas, limpando terrenos, enfim, cada um foi tocando a vida porque a titânica empreitada de abrir a nova cidade, Umuarama, estava apenas começando... (ITALO FÁBIO CASCIOLA/Todos os direitos autorais de texto e imagens protegidos por Lei Federal)
Era um belo dia de domingo, como aqueles que só existiam antigamente, mas era um inverno gelaaado... E para se aquecer todos se vestiram com elegância (observem os chapéus, peça chique em voga nos anos 1950) e foram comemorar a inauguração da nova cidade... no meio da floresta!
Crianças e adultos participaram da churrascada: atrás do primeiro grupo, uma parte da longa mesa posta para o almoço; no cenário de fundo avista-se a ponta do primeiro aeroporto da cidade...
Uma verdadeira orquestra veio para a grande festa... Como a maioria dos pioneiros era de Minas Gerais, o repertório era dedicado aos grandes sucessos dos artistas mineiros da Era do Rádio. E todo mundo cantava juuunto. E, claro, formavam-se casais para dançar no meio da mata... Foi realmente uma festa retumbante!!!
A festa, depois da comilança, continuou em ritmo frenético de alegria com todo mundo dançando no meio da floresta! Foi a tarde inteira de alegria e só foi acabar quando começou a escurecer e as temperaturas ficaram ainda mais baixas a ponto que nem a dança ou cachaça conseguiriam esquentar os convidados...
Contavam aqueles 'antigões' que participaram da churrascada que foram consumidas quase duas toneladas de carne bovina, que a colonizadora trouxe de avião diretamente de São Paulo para que o evento tivesse o que havia de melhor em aromas e sabores!!! E tudo devidamente regado com cervejas e cachaças em escala industrial...
FOTOS EXCLUSIVAS DO ACERVO HISTÓRICO DE ITALO FÁBIO CASCIOLA.