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ARTIGO
A evasão escolar no ensino superior
Naércio Menezes é professor associado da Universidade de São Paulo (USP)
Publicado em 15/07/2018 às 13:51 Ítalo
A evasão escolar no ensino superior

A evasão escolar é um dos principais problemas que afligem o Brasil e vários outros países latino-americanos hoje em dia. Já sabíamos que uma grande parcela dos nossos alunos não completa o ensino médio por vários motivos. Agora, novos dados do Ministério da Educação mostram que a desistência é alta também no ensino superior. O que mostram esses novos números? Quais são as causas? Como resolver o problema da evasão?

Com relação ao ensino básico, os novos dados do Inep-MEC que seguem os mesmos alunos durante todo o ciclo escolar confirmam que a evasão no ensino básico é realmente muito alta no Brasil. Por exemplo, no primeiro ano do ensino médio, apenas 69% dos alunos são aprovados para a série seguinte. Entre os não aprovados, 15% repetem de ano, 3% migram para o EJA (educação de jovens e adultos) e 13% evadem, ou seja, não retornam à escola no ano seguinte. Esse é um dos principais gargalos atuais da educação brasileira com relação ao acesso à educação.

Mas, o mais interessante são os novos dados sobre a evasão no ensino superior, que trazem informações que ainda não conhecíamos. Como os novos dados acompanham os mesmos alunos desde sua entrada na faculdade, é possível calcular a porcentagem de alunos que desiste da faculdade em um determinando número de anos, em cada série e separadamente para o setor público e privado.

Os números são impressionantes. A taxa de desistência acumulada em 5 anos no ensino superior para os que entraram na faculdade em 2010 foi de 49%. No setor privado a evasão foi de 53%, ao passo que nas faculdades públicas a desistência foi de 40%. A evasão as universidade públicas estaduais foi de 38%, nas federais foi 43% e nas municipais atingiu 47%. Ou seja, 40% dos alunos que entraram em 2010 e estudavam de graça nas universidades públicas brasileiras desistiram do curso em que estavam matriculados até 2014.

Vale notar ainda que nas universidades públicas federais somente 22% dos alunos ingressantes em 2010 já tinha se formado em 2014. Ou seja 35% desses alunos ainda não haviam nem desistido nem concluído o curso 5 anos após a entrada, ou seja, tinham uma probabilidade alta de desistirem ao final do processo. Assim, a taxa de 40% deve ser considerada como uma estimativa conservadora da taxa de desistência nas universidades públicas. Por outro lado, a desistência do curso não significa necessariamente que o aluno abandonou a faculdade, pois pode ser que ele tenha trocado de curso. Mesmo assim, os números são alarmantes.

Os dados mostram também que nas universidade públicas 19% dos alunos desistem do curso já no segundo ano, taxa que atinge 30% nas faculdade privadas. Passada essa fase, a evasão vai se reduzindo. É interessante notar também que a evasão é muito parecida entre as regiões do Brasil, o que indica que o fator regional não parece importante para explicá-la. Além disso, a desistência nos cursos de licenciatura e bacharelado também é muito similar. Por fim, os números mostram que a evasão é um pouco mais alta nos cursos de ciências, matemática e computação e menor nos cursos de humanidades e saúde.

As consequências dessa alta evasão são muitas, pois os custos públicos e privados do ensino superior no Brasil são muito elevados. No caso das universidades públicas, a maior parte dos custos é fixa ou seja, independe do número de alunos. Assim, a alta evasão faz com que o custo por aluno efetivamente formado seja bem maior do que o custo por aluno matriculado. Além disso, os alunos desistentes poderiam ter feito outras coisas no tempo em que estavam cursando as matérias que não levaram à titulação. Mais ainda, centenas de alunos poderiam ter ingressado todos os anos no lugar dos alunos desistentes e efetivamente concluído o curso. No caso das faculdades privadas, além do custo de oportunidade do tempo utilizado nas salas de aulas, o dinheiro que é gasto pelas famílias com as mensalidades poderia ter tido outro destino. Além disso, as faculdades acabam tendo que cobrar mensalidades mais altas tendo em vista a alta evasão que ocorre ao longo do tempo.

Mas, o que faz com que a evasão no ensino superior seja tão elevada no Brasil, mesmo com o seu alto retorno salarial tão elevado? Em 2016 os formados no ensino superior ganhavam em média R$ 4.800 contra apenas R$ 1.650 para aqueles com ensino médio. Se olharmos para o formado mediano (que muito provavelmente cursou uma faculdade privada), o salário era de R$ 3.000, ainda bem maior que os formados no ensino médio.

Os fatores geralmente apontados para evasão são a falta de preparo no ensino básico, os custos elevados e a falta de identificação com o curso. A taxa de evasão mais elevada no setor privado parece apontar que os custos com mensalidade podem realmente ser um problema, especialmente em épocas de crise. Mas, a alta desistência no ensino público, que é gratuito e tem um processo de entrada altamente seletivo, aponta para outros fatores explicativos. A falta de conhecimento dos alunos a respeito dos cursos e sua baixa perseverança são bons candidatos para explicar essa alta evasão.

Assim, para diminuir a evasão no ensino superior deveríamos pensar em maneiras de deixar o aluno escolher sua especialização um pouco mais tarde, até que ele tenha contato com várias disciplinas. Além disto, deveríamos também aprimorar o processo de seleção nas universidade públicas, levando em conta também as habilidades sócio-emocionais. Precisamos também expandir o crédito universitário, de preferência sem a interferência do Estado. E por fim, mas não menos importante, precisamos melhorar a qualidade da educação básica.

Por NAÉRCIO MENEZES

Naércio Menezes Filho é professor titular e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), professor associado da Universidade de São Paulo (USP), colunista do jornal "Valor Econômico" e consultor da Fundação Itaú Social. Naércio é PhD em economia pela University College London e publicou vários artigos acadêmicos em revistas nacionais e internacionais.

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